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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sesmaria, Tartarugas e Pelourinho













Mais um dia de passeio com Lina e a pedida era deixar meu filho Lucca louco de contentamento. Ponto de chegada: Projeto Tamar. Lina, marvilhosa anfitriã, incumbiu-se de bolar programas que contentassem os très aqui de casa. Desafio imenso. Mas ela conseguiu!
Antes de chegar na Praia do Forte, fomos levados às ruínas do Castelo de Garcia D'Ávila do século XVI, antigo dono de uma das maiores sesmarias do Brasil colonial: http://www.brasil-turismo.com/bahia/castelo-garcia.htm. Todos felizes: Lucca, maridão e eu, nem se fala.
Além da graciosidade da Praia do Forte, aportamos no Projeto Tamar (http://www.tamar.org.br/). Criança adora bicho e adulto também. Gosto dessas iniciativas de proteção ambiental. O Tamar já tem 30 anos, acreditem. E ainda tem projetos de inclusão social.

Minha visita diurna ao Pelô foi muito tranquila, ao contrário de Ronaldo, assediado por alguns nativos. Depois de tanto ouvir falar e ler sobre a polêmica restauração, finalmente conhecia o lugar. É de tirar o fôlego, literalmente, subir e descer aquelas ladeiras, observar os casarios. Perdi meu queixo na frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em restauração. Acho que não vi algo mais lindo! O Museu da Cidade deixou a desejar, apesar do acervo interessante de Castro Alves. A Fundação de Jorge Amado também não me chamou muito a atenção, apesar da importância do escritor. Destaque no Pelô é a fundação Pierre Verger, infelizmente mais uma loja para turistas que qualquer outra coisa (http://www.pierreverger.org/fpv/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1). O bom mesmo do Pelô está nas ruas. Depois, descobri que o MAE da UFBA está no Pelô. Fica prá próxima.


Rodin e Museus de Salvador

Salvador tem tudo para contentar quem gosta de história, patrimônio e museus e os que gostam de praia.

Embora tenha tomado deliciosos banhos de mar nas piscinas de água claríssima, não é minha praia falar de mar.

Confesso que estava pouco ansiosa para conhecer os lugares. No no meu caso, ótimo sinal, afinal estava em férias.

Simone mora num bairro privilegiado, próximo a vários museus. Então, alguns deles pude ir a pézito.

Já no segundo dia, fui visitar o Palacete das Artes - Exposição Rodin, que abriga obras do escultor francês. O lugar é maravilhoso! Uma mansão de um dos barões bahianos. A restauração é impecável! Adivinhem quem assina? Marcelo Ferraz, o mesmo arquiteto do Museu do Pão. E a exposicao esteve a cargo de minha querida amiga museóloga Heloisa Helena Costa. As peças em gesso de Rodin estão muito bem no lugar, com destaque para as obras em bronze dispostas no jardim. Gostei muito, pois pude conhecer a história do lugar, pois um pequeno espaço era dedicado à família proprietária do Casarão; saber sobre o porquê de Rodin num museu da Bahia; e dados biográficos de Rodin, inserindo-o no campo das artes. Programa completo. Logo na entrada um folheto dedicado às crianças é entregue aos pequenos visitantes, contendo vários jogos. Não para por aí, não. Há um café semi-aberto no jardim com mobiliário assinado por Lina bo Bardi e ainda um anexo bem bacana para exposições temporárias. Senti-me no primeiro mundo. http://palacetedasartesrodinbahia.blogspot.com/

No último dia, meu tour envolveu dois museus numa única saída. Seriam três, não fosse o Museu Costa Pinto estar fechado em plena terça-feira.

O Museu de Arte da Bahia abrigava uma retrospectiva muito interessante de Genaro de Carvalho, considerado um dos precursores da arte moderna na Bahia. Criativo e inventivo, Genaro morreu muito jovem e criou uma tapeçaria belíssima difundida internacionalmente, além de ter sido design. Diferentemente do Palacete das Artes, aqui não pude saber quase nada sobre a edificação histórica que sedia o museu. Tampouco localizei site do museu.

Já o Museu de Arte Moderna é um passeio completo. Arquitetura histórica do Solar do Unhão; restauração maravilhosa; jardim de esculturas. Tudo isso na orla de Salvador que lembra, com diz minha amiga Lina, a Mônaco. Maravilhoso! No térreo, espaço para as oficinas educativas e um restaurante com uma vista encantadora pro mar. Fiquei com vontade de saber mais sobre a edificação e sua importância na configuração urbana da cidade. Nem tudo é perfeito. O site do museu: http://www.mam.ba.gov.br/

Isso tudo já seria o bastante. Mas ainda pude apreciar, no MAM, a exposição do artista Joseph Beuys, intitulada A Revolução Somos Nós. A exposição era composta por duas centenas de cartazes, vídeos e múltiplos (objetos em associação muito inusitada). O artista fez história na Documenta de Kassel, nos anos 1970-1980 e, pelo que aprendi, é um marco da arte contemporânea. A mesma exposição já havia passado pelo SESC Pompéia, em São Paulo. Mais detalhes em http://www.beuys.com.br/

Para finalizar, acompanhei pelo jornal, enquanto estive em Salvador, uma polêmica sobre o Departamento de Museus - DIMUS - orgão criado para coordenar as ações dos diversos museus do Estado da Bahia. A iniciativa segue, dizia o jornal, orientação do IBRAM. A queda de braço era entre o Conselho Federal e Regional de Museologia e o Governo do Estado. Faltaram elementos para eu compreender melhor o debate. Os opositores da iniciativa alegavam que os museus não tinham direção e apenas o coordenador do DIMUS gerenciava todos os museus. No entanto, pude observar que sempre havia um diretor nos museus que visitei, como o MAM. Em todo caso, para nós do Rio Grande do Sul e do restante do país, cabe observar a iniciativa baiana e verificar se pode ser uma boa alternativa para a gestão dos museus estaduais.

Com esse post termino meu relato sobre a Bahia e Salvador. Faltou muita coisa, mas quem sabe vou mostrando outras pitadas durante o ano.


Bahia de Todos os Santos


Nossa estada em Salvador não podia ser melhor. Nada como ser hospedado pelos amigos e tè-los como cicerone, seja em que cidade for. Pois a avalanche de concursos públicos nas universidades federais brasileiras, levou uma amiga para a Bahia.

Tadinha, está lá, feliz da vida, a poucos metros da Praia da Barra. Nao poderia deixar de conferir se minha amiga estava bem.
Lá fomos nós!











Na primeira noite, Simone me levou para assistir Gerônimo, que se apresenta às terças-feiras na escadaria do Paço no Pelourinho. Era terça-feira de Santo Antonio e, na passagem, visitamos a Igreja do Carmo, onde finalizava uma missa ao som de percussões africanas. Só na Bahia!
Claro que comi acarajé. A iguaria está ficando muito sofisticada. Agora, tem camarão, giló e outras cositas no recheio. Além de saboroso, é uma paulada na fome.
















Dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá. Fomos todos ao Rio Vermelho, prestar homenagens à rainha das águas. Turista é bem assim. Nunca fui numa Festa de Navegantes em Porto Alegre. Mas, em Salvador, me meti no meio da muvuca pra deixar uma oferenda nas águas. Não é bem nas águas, pois os barqueiros é que conduzem nossos presentes para o fundo do mar. Fiquei preocupada com as quinquilharias que não são digeridas pela natureza.
No mesmo dia participamos de um Cururu, uma festa oferecida por Mauro, professor de italiano da UFBA. Mauro abre as portas de sua casa para os amigos e amigos de amigos, oferecendo comida baiana.



Reencontrei uma amiga querida, historiadora da UFBA. Lina nos brindou com passeios maravilhosos, regados a aulas de história. Privilégio para poucos. Visitamos várias cidades históricas nas imediações de Salvador: Santo Amaro, Sao Felix e Cachoeira.



Santo Amaro, terra de Caetano Veloso e Dona Canô, sua mãe.


Em São Felix conhecemos a fábrica semi-desativada de charutos Dannemann, trazida pelos alemães no auge da produção de tabaco. Hoje é um Centro Cultural que abriga a Bienal do Recôncavo. Ainda mantém uma pequena manufatura do charuto, onde é possível ver suas trabalhadoras confeccionando o dito cujo. É uma manufatura musealizada, onde as próprias operárias no seu fazer mostram como é produzido o charuto. Filha de ex-plantadores de fumo, achei o máximo. Pensei em meu pai e em como ele ia gostar de ver aquilo. Por mim, poderia ser apenas museu, sem a comercialização dessa droga que faz tanto mal à saúde e pode ser adquirida ali mesmo num balcão no fundo da fábrica.


No Centro Cultural conhecemos um professor de artes da UFBA que ministrava oficinas de gravura, tradição da Bahia. Já saberão por quê.


Atravessamos a ponte e voltamos à Cachoeira, segunda cidade histórica em importância, após Salvador. No almoço, o prato típico da região: maniçoba, um fervido de carne de sol e de fumeiro feito num caldo de folhas de mandioca. Como sabem, a folha da mandioca é venenosa. Para preparar a iguaria, estas são fervidas por cerca de uma semana. Resulta uma cor escura, entre o verde e o preto, de sabor bastante inusitado.


Seguimos o passeio, chegando à fundação Hansen Bahia, artista alemão que se radicou em Cachoeira e foi o responsável por difundir a xilogravura na região (http://www.fundacaohansenbahia.com.br/).

Meu relato continua em próxima postagem.