Total de visualizações de página

sexta-feira, 15 de maio de 2009

II ENEIMAGEM

Entre 12 e 14 de maio foi realizada, na Universidade Estadual de Londrina, a segunda ediçao do Encontro Nacional de Estudos da Imagem, iniciativa do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem na História - LEDI. Uma possibilidade de troca de experiências como esta em campo que vem se alargando no Brasil em diferentes áreas tem todos os seus méritos, estando os docentes do LEDI de parabéns por assumirem tal desafio. Esta é a primeira vez que participo. Assim sendo, minhas impressoes do evento nao permitem uma perspectiva comparativa entre as duas ediçoes. Tampouco desejo aqui pormenorizar tudo o que lá foi apresentado e discutido, o que seria inviável. Deixo aqui apenas minha mirada. O evento abriu com a conferência de Maria Cristina Boixadós que apresentou seu trabalho sobre imagens fotográficas da cidade argentina de Córdoba; passou por uma panorâmica de diferentes óticas na abordagem das imagens - enfocando a semiótica, a antropologia visual e as relaçoes entre imagem e história política; seguiu com a competente conferência de Ana Maria Mauad sobre as relaçoes entre ver e conhecer, entre os regimes visuais e a produçao de conhecimento e os sentido da história; continuou com a mesa-redonda sobre imagens urbanas e, finalmente, encerrou com a conferência de Jens Baungarten que traçou brilhante análise transhistórica relacionando as imagens das encenaçoes nazistas no III Reich com a imagética litúrgica produzida pela Contra-Reforma em Roma. Do meu ponto de vista esta última conferência encerrou com chave de ouro o evento. Certamente nem todos irao concordar com minha perspectiva, o que, diga-se de passagem, é bastante salutar em evento como este. Por mais próximos que estivessem os participantes no que se refere às investigaçoes sobre as imagens, os distanciamentos estavam colocados nas diferentes abordagens metodológicas, nas temáticas problematizadas, nas perspectivas disciplinares. Essa talvez seja a maior riqueza de um encontro como este: reunir historiadores, cientistas políticos, historiadores da arte, arquitetos, arquivistas, entre outras áreas,num cruzamento de olhares sobre os domínios da imagem. Qualquer evento científico vai-se construindo ao longo de suas diversas realizaçoes. Assim, no sentido de tornar o Eneimagem cada vez mais atrativo aos pesquisadores brasileiros da imagem, faço aqui algumas sugestoes, algumas delas surgidas no bate-papo dos corredores e da hora do café. O formato de Simpósios Temáticos propostos por dois coordenadores de instituiçoes diferentes (a exemplo do Encontro Nacional da ANPUH)pode ser uma aternativa interessante para reunir um maior número de comunicaçoes a partir de determinadas afinidades. Isso evitaria a pulverizaçao de sessoes de comunicaçoes versando sobre perspectivas aproximadas ocorrendo em mesmo horário, o que levou no evento a um baixo número de pessoas assistindo aos trabalhos apresentados e a uma certa insatisfaçao pela impossibilidade de se assistir sessoes correlatas que poderiam estar reunidas em mesmo local. Corrijam-me, se estiver enganada, mas muitas vezes o que levamos de um encontro como esse, entre outras coisas, é a oportunidade de tomarmos conhecimento com os trabalhos em desenvolvimento em diversas regioes do Brasil, quase sempre apresentados sob forma de comunicaçoes. Valeria a pena valorizar esse espaço! Fugindo, mas nem tanto, do âmbito do evento tive a oportunidade de ser conduzida, juntamente com Maria Cristina Boixadós e Elisabete Leal, pela diretora do Museu Histórico de Londrina Angelita Marques Visalli àquela instituiçao. Além de conhecer a bela edificaçao da antiga estaçao ferroviária, percorrer os espaços expositivos, tivemos oportunidade de observar o trabalho cuidadoso que está sendo realizado na conservaçao do acervo fotográfico, com apoio da FUNARTE. Assim, gostaria de sugerir que o evento passasse a contemplar a realizaçao de roteiros culturais como este na cidade. Afinal de contas, visitar os museus e mesmo a cidade é tomar contato com a cultura visual de Londrina, daí sua pertinência. Perdoem-me a liberdade de estar tecendo essas consideraçoes neste espaço. Longe de ser uma crítica à organizaçao do evento, move-me um desejo de que o ENEIMAGEM seja cada vez melhor, tornando-se o grande fórum dos pesquisadores brasileiros da imagem.