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sábado, 2 de julho de 2011

Museus devolvem coleções aos países de origem

Quem conhece um pouco a história dos museus, sabe que muitas das coleções dos grandes museus do mundo originaram-se das conquistas territoriais em regiões estrangeiras. Pilhagens de guerra ou expedições científicas não raro explicam a formação de coleções fantásticas provenientes da África, Oriente e América presentes nos grandes museus europeus e norte-americanos. Há alguns anos, no entanto, o campo internacional dos museus vem debatendo a devolução de coleções aos seus países de origem.  O assunto é controverso e já se falou que se o Museu do Louvre, por exemplo, necessitasse devolver sua coleção de pintura italiana renascentista (incluindo a Mona Lisa), teria que fechar suas portas. No esteio dessa discussão forja-se  o conceito de Museu Universal, aqueles museus responsáveis por abrigar coleções provenientes de todo o globo, entre os quais estariam apenas o próprio Louvre, o Britânico e o Metropolitan. Enquanto os debates continuam, algumas iniciativas vem sendo efetivadas por alguns museus. A edição do mais recente Boletim do Conselho Internacional de Museus (fevereiro 2011) noticiou duas ações nesse sentido e que merecem consideração. A primeira delas refere-se à devolução ao governo do Chile de quatro múmias pré-colombianas, datando de 5000 a.C. que se encontravam sob guarda do Museu de Etnografia de Genebra, Suiça. Esse é um caso curioso e que não serve de exemplo dos casos mencionados acima. Essas múmias haviam sido oferecidas a esse museu por um colecionador. O Museu, no entanto, seguindo o código de Deontologia do ICOM, não aceitou a doação e buscou conhecer a proveniência legal das peças. A partir do momento em que o colecionador expressou sua vontade de restituir as múmias ao Chile, o Museu de Etnografia passou a cuidar de sua guarda. Outra iniciativa pode ser considerada, no mínimo, oportunista. O Museu do Brooklin de Nova Iorque anunciou no jornal  New York Times o desejo de restituir 4000 peças arqueológicas pré-colombianas ao Museu Nacional da Costa Rica. Essas obras fazem parte de uma coleção de 16000 peças reunidas ao longo do século XIX por Minor C. Keith, antes de serem adquiridas pelo Museu em 1934. Até aqui tudo bem. No entanto, o Museu do Brooklin deseja receber  59000 dólares para que o Museu Nacional da Costa Rica possa expor a coleção. Vê-se que o debate e a reflexão suscitada pela problemática colocada pelas restituições tem gerado práticas das mais diversas e inusitadas. Acompanhemos atentos. Quem sabe algum museu estrangeiro devolve ao Brasil algum objeto importante do patrimônio brasileiro.