Total de visualizações de página

sábado, 9 de junho de 2007

P... e Princesas

Sensível a abordagem sobre a prostituição no filme Princesas, em cartaz no Guion. A começar pelo título. Princesas são tão sensíveis que não podem viver longe de seus reinos, padecem. Durante o filme, foi inevitável comparar com o brasileiro O Sonho de Suely. A exceção da trilha pontuada por Mano Chao e momentos mais leves, ambos representam de forma nua e crua o tema. Embora esta seja uma das profissões mais antigas, não tive como não pensar nos refugos da humanidade do sociólogo do mundo contemporâneo pós-globalização, Zygmunt Baumann. Refugo é, segundo ele, aquela parte dos seres humanos não incluída de jeito nenhum no sistema, como os refugiados. E as prostitutas, são também elas parte desse refugo? Uma das personagens sai da República Dominicana e continua em Madri seu ofício. Ali, a cidade e as zonas são áreas de conflito e de disputa da clientela. O ódio xenófobo exacerba-se diante de novas e diferenciadas ofertas colocadas no mercado. Há consumidores de todos os tipos. Não precisamos ver o filme para sabermos das diferentes hierarquias entre as horizontais (termo utilizado pela imprensa porto-alegrense, no século XIX, para as profissionais do sexo). É só observar na nossa própria cidade as diferenciações que marcam e territorializam o trottoir. Mesmo que em vários momentos, o ofício da prostituta tenha sido igualado a outro qualquer, como a da cabelereira, ambas teriam princípios profissionais a seguir, o filme deixa uma brecha de escolha, de livre arbítrio às princesas. No fundo, o que Caye deseja é poder ser apanhada pelo amante ao final do trabalho, mais nada. Parece clamar desesperadamente por sua identidade, mutilada pelo seu ofício temporário. Seu eu já desfigurou-se e acredita existir apenas se está no pensamento de alguém. Sente saudade, saudade do futuro, talvez porque ainda teime em ter um fio de esperança. Mais sobre o filme em http://www.princesaslapelicula.com/

Nenhum comentário: