Salvador tem tudo para contentar quem gosta de história, patrimônio e museus e os que gostam de praia.
Embora tenha tomado deliciosos banhos de mar nas piscinas de água claríssima, não é minha praia falar de mar.
Confesso que estava pouco ansiosa para conhecer os lugares. No no meu caso, ótimo sinal, afinal estava em férias.
Simone mora num bairro privilegiado, próximo a vários museus. Então, alguns deles pude ir a pézito.
Já no segundo dia, fui visitar o Palacete das Artes - Exposição Rodin, que abriga obras do escultor francês. O lugar é maravilhoso! Uma mansão de um dos barões bahianos. A restauração é impecável! Adivinhem quem assina? Marcelo Ferraz, o mesmo arquiteto do Museu do Pão. E a exposicao esteve a cargo de minha querida amiga museóloga Heloisa Helena Costa. As peças em gesso de Rodin estão muito bem no lugar, com destaque para as obras em bronze dispostas no jardim. Gostei muito, pois pude conhecer a história do lugar, pois um pequeno espaço era dedicado à família proprietária do Casarão; saber sobre o porquê de Rodin num museu da Bahia; e dados biográficos de Rodin, inserindo-o no campo das artes. Programa completo. Logo na entrada um folheto dedicado às crianças é entregue aos pequenos visitantes, contendo vários jogos. Não para por aí, não. Há um café semi-aberto no jardim com mobiliário assinado por Lina bo Bardi e ainda um anexo bem bacana para exposições temporárias. Senti-me no primeiro mundo. http://palacetedasartesrodinbahia.blogspot.com/
No último dia, meu tour envolveu dois museus numa única saída. Seriam três, não fosse o Museu Costa Pinto estar fechado em plena terça-feira.
O Museu de Arte da Bahia abrigava uma retrospectiva muito interessante de Genaro de Carvalho, considerado um dos precursores da arte moderna na Bahia. Criativo e inventivo, Genaro morreu muito jovem e criou uma tapeçaria belíssima difundida internacionalmente, além de ter sido design. Diferentemente do Palacete das Artes, aqui não pude saber quase nada sobre a edificação histórica que sedia o museu. Tampouco localizei site do museu.
Já o Museu de Arte Moderna é um passeio completo. Arquitetura histórica do Solar do Unhão; restauração maravilhosa; jardim de esculturas. Tudo isso na orla de Salvador que lembra, com diz minha amiga Lina, a Mônaco. Maravilhoso! No térreo, espaço para as oficinas educativas e um restaurante com uma vista encantadora pro mar. Fiquei com vontade de saber mais sobre a edificação e sua importância na configuração urbana da cidade. Nem tudo é perfeito. O site do museu: http://www.mam.ba.gov.br/
Isso tudo já seria o bastante. Mas ainda pude apreciar, no MAM, a exposição do artista Joseph Beuys, intitulada A Revolução Somos Nós. A exposição era composta por duas centenas de cartazes, vídeos e múltiplos (objetos em associação muito inusitada). O artista fez história na Documenta de Kassel, nos anos 1970-1980 e, pelo que aprendi, é um marco da arte contemporânea. A mesma exposição já havia passado pelo SESC Pompéia, em São Paulo. Mais detalhes em http://www.beuys.com.br/
Para finalizar, acompanhei pelo jornal, enquanto estive em Salvador, uma polêmica sobre o Departamento de Museus - DIMUS - orgão criado para coordenar as ações dos diversos museus do Estado da Bahia. A iniciativa segue, dizia o jornal, orientação do IBRAM. A queda de braço era entre o Conselho Federal e Regional de Museologia e o Governo do Estado. Faltaram elementos para eu compreender melhor o debate. Os opositores da iniciativa alegavam que os museus não tinham direção e apenas o coordenador do DIMUS gerenciava todos os museus. No entanto, pude observar que sempre havia um diretor nos museus que visitei, como o MAM. Em todo caso, para nós do Rio Grande do Sul e do restante do país, cabe observar a iniciativa baiana e verificar se pode ser uma boa alternativa para a gestão dos museus estaduais.
Com esse post termino meu relato sobre a Bahia e Salvador. Faltou muita coisa, mas quem sabe vou mostrando outras pitadas durante o ano.