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domingo, 17 de agosto de 2008

Um ônibus escolar a pé?




É isso mesmo!! Já pensaram o fim daquelas filas duplas intermináveis em frente às escolas na hora do rush? E a quantidade de carros que poderiam deixar de circular pelas ruas, lançando seus gases contra o meio ambiente? E poder dividir com vários pais e mães a tarefa e levar e buscar os filhos no colégio? Além disso, propiciar que as crianças vivenciem mais a cidade em que moram, aprendendo a se locomover com responsabilidade pelas ruas? As vantagens não param por aí, não. Ir à escola caminhando ainda ajuda a evitar a obesidade dos pimpolhos. E como se isso tudo não bastasse, as crianças ainda se divertem em grupo indo para a escola e voltando de lá. Essa experiência encantadora já é realidade em várias cidades italianas e tem se tornado difundida em países da Europa e nos Estados Unidos. O site piedibus.it fornece várias informações sobre a proposta, mostra imagens das cidades que já vem implementando a idéia, além de orientar aqueles que desejarem tomar frente a essa iniciativa. Projetos como estes tornam nossas cidades mais humanas, contribuindo para a preservação ambiental e, tornando nossos filhos e filhas mais conhecedores da cidade em que vivem, conseqüentemente mais envolvidos com o seu futuro também.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Querem roubar, mais uma vez, nosso Guaíba!!

Quem, como eu, vem participando há algumas décadas em defesa do Guaíba, encontra pouca novidade nos episódios recentes que envolvem a área do Estaleiro Só, na Zona Sul de Porto Alegre. É semelhante à discussão do destino que se dará à área portuária, especialmente armazéns A e B, nas imediações da Praça da Alfândega. Desde o século XIX, a cidade avança sobre as águas do rio, recentemente, definido como lago. Poucos sabem que grande parte da orla entre Praça da Alfândega e Navegantes foi conseguida graças a aterros sistemáticos para construção do porto. E que nossa Rua da Praia tinha motivo para ter esse nome. Mais remotamente, era a modernização da cidade que impunha aos centros urbanos transformações de ordem higiênica, viária e estética. Mesmo o afã de modernidade exacerbado das elites e do poder público, não foi uníssono. Os jornais, principalmente, expressaram vozes dissonantes, contrárias à fúria demolidora que colocou abaixo becos e casebres dos pobre da cidade que precisaram encontrar moradia bem longe da área central. Esse é, em linhas curtas, o processo de transformação do centro em cenário da burguesia porto-alegrense ascendente, desejosa de não encontrar nos espaços que freqüentava aqueles "feios, sujos e malvados" que insistiam em colocar ao lado do fotting na rua da praia, dos cinemas e dos cafés à française, o batuque e as festas religiosas populares.
Naquele período, porém, ainda não existia o que, hoje, denomina-se preocupação ecológica. E Porto Alegre ainda não havia passado pelo movimento de defesa do seu patrimônio histórico, especialmente o arquitetônico, que foi tomando as páginas dos jornais com Manoellito de Ornellas, em fins dos anos 1950. De lá para cá, as mudanças na cidade, mal ou bem contemplaram a preocupação ecológica e com o patrimônio histórico. Grande parte do que hoje consideramos a cara e a alma da cidade - Mercado Público, Usina do Gasômetro, Solar Lopo Gonçalves, entre outros - foi preservada a partir desse período. Período da ditadura militar, contraditoriamente, que ergueu o muro da Mauá, separando de forma trágica a cidade do seu lago. Legislações foram criadas e movimentos da população tentaram fazer ouvir a opinião de mais atores, especialmente aqueles que vivenciam a cidade e não apenas aqueles que lucram com a exploração do espaço urbano da cidade. São representantes desse segundo grupo que, mais uma vez, querem transformar a área do Estaleiro Só em um grande empreendimento imobiliário, privando a cidade e sua população de mais uma grande extensão de contato com as águas do Guaíba. Para isso, desejam alterar a legislação que tranforma justamente aquela área em área especial de preservação cultural. As áreas especiais, legislação elaborada pelos técnicos do órgão de patrimônio do poder público municipal em conjunto com a Uniritter, no governo popular, tem como objetivo manter aspectos identitários da paisagem ambiental e cultural da cidade. Nessa diretriz límpida e que direciona para a democratização do uso dos espaços da cidade, esbarra nos interesses dos grupos que vêem na cidade não espaço de convívio e cidadania, mas possibilidade de lucros. Espero que a história não analise esse processo, repetindo o acontecido em outras épocas, mas inventando uma nova forma de viver e pensar Porto Alegre que contemple as futuras gerações e o benefício de um maior número possível de pessoas.